terça-feira, 18 de agosto de 2009

Unexpected Issue

Desde já quero pedir desculpas por não postar aqui à algum tempo. Realmente ter um blogue dá muito trabalho...não é chato, mas é preciso estar com alguma disposição para pôr em letras o que anda aqui a circular na minha cabeça.
Gostava que tomassem o assunto que se segue com alguma compreensão porque é algo que as pessoas costumam ver pelo lado negativo e ser muito críticas, e às vezes tornasse chato essas atitudes.

O que se passa é que consegui ganhar 2 brilhantes tendinites nos meus joelhos à custa dos meus treinos. Tão simples quanto isso, para quê desenvolver o assunto? "Não sejas parvo Miguel, o pessoal já sabe o que se passa, agora deixa-nos ir à nossa vida..." Se calhar não, porque os meus treinos podem acabar de vez a qualquer momento!

"Relatório da ressonância magnética do joelho: (...) Favorável apreciação dos ligamentos laterais e cruzados, embora com adelgação e aumento de sinal do cruzado anterior, podendo traduzir ruptura parcial. Aumento de sinal e espessamento da inserção proximal do ligamento rotuliano em relação com lesão parcial."

Numa linguagem menos formal, tenho o ligamento cruzado anterior com uma ruptura parcial, um quisto e o tendão inflamado em ambos os joelhos. Basicamente uma tendinite é uma situação em que se tem o tendão inflamado por excesso de esforço, não aquecimento, etc...

Estou parado à cerca de 4 meses, desde então já não salto, perdi a liberdade que tinha antes, perdi aquilo a que chamo de "olhar de traceur" porque já não olho para um muro e vejo um salto (vault), apenas vejo um obstáculo que sou incapaz de passar, como que se nunca tivesse treinado para tal. Falando asério, assusta-me olhar para o meu futuro no mundo do desporto e exercício físico.

Tenho vindo a fazer fisioterapia faz 1 mês. Basicamente estragou-me as férias todas, só andar estou a esforçar os meus joelhos e sinto uma dor agonizante. Mas isso não posso evitar, ficar na cama não resolve nada. Segundo a minha fisioterapeuta, no final dos tratamentos vou ficar a mais ou menos 95% dos meus joelhos, e vou puder continuar a treinar. A fisioterapia que faço é com base em continuar a treinar parkour. Mas estarei a abdicar a estoirar os joelhos de vez, daqui a 15, 20, 30 anos, se continuar a treinar!

É das piores experiências que já vivi, das piores situações em que me meti. Tendinite. Fisioterapia. Dores constantes...perdi tempo que podia passar para treinar ou estar com os meus amigos. F*dasse, tenho 15 anos, o que é que um míudo de 15 anos faz nas férias? Saídas à noite, praia, namorada, passa os dias com os amigos, dorme até às tantas, anda ai num canto a mamar droga, basicamente está livre e diverte-se à sua maneira! Grande parte das vezes evito este tipo de pensamentos negativos para mim, não sei como ainda não cheguei à depressão...
Eu estou a passar as minhas férias na fisioterapia, das 9h às 14h30, entre os idosos. Tenho que os ouvir a queixarem-se que "esse desporto é perigossíssimo, é completamente imbecil andarem a saltar prédios e a sujarem as paredes das nossas casas, a juventude de hoje em dia já não é como era antes, já não têm cabeça e partem-se todos. Não têm juízo!" Irrita este tipo de atitudes e é chato mas é nosso dever como traceurs transmitir a ideia correcta disto tudo. Então lá explico como é que é isto e aquilo e o que se passou comigo blá, blá, blá...tanto que saio da fisioterapia meio coxo, bastante aborrecido e tenho de apanhar 3 autocarros, onde está um bafo enorme, para chegar a casa e com muita sorte ainda apanho com "velhos" no autocarro, que são lentos como sei lá o quê e estão sempre a reclamar com alguma coisa.
Mas que m*rda de férias são estas? O que é que eu fui fazer? É por isto que dizem ser difícil os 15 anos? --'

Durante os meus 2 anos de treino, mentalizei-me e fui ensinado a treinar, e criei uma "paixão" tal por isso que se fico mais de 3 dias sem treinar qualquer coisa, sinto-me mal comigo mesmo e aborrecido. Treinar... é o que tenho feito depois da fisioterapia, à tarde, desde que parei com o parkour. WTF? Parado e a treinar?

O parkour e o pessoal com quem treinei ensinaram-me muita coisa, não é só saltar mais e ganhar confiança para fazer saltos... Basicamente a nossa vida é feita de treinos e obstáculos. Quero fazer uma coisa, treino para tal.
Tanto que desde que estou parado, tenho treinado bastante o físico (das ancas para cima) que já treino à algum tempo também, o pino que é algo que tenho vindo a treinar ainda quando treinava parkour e não prejudica os joelhos, as matracas (nunchakus) que é uma coisa que gosto bastante de treinar como hobbie porque está incluída na parte de combate e artes marciais pelo que admiro de certa forma, tenho feito alongamentos para ganhar alguma elasticidade, e estou a ver se entro na natação porque é bom para tudo, joelhos inclusive.
Mas principalmente aprendi a não desistir, ir até ao fim, a puxar por mim mesmo. E isto não só no parkour mas também no dia-a-dia. Muito provavelmente puxei demais por mim nos treinos para parkour e não soube ouvir o que o corpo me dizia. Raramente treino parkour, sabia que para a minha idade não ia dar bom resultado, por isso preparar-me para o parkour, treinar para parkour (ver post: http://traceur-mike.blogspot.com/2009/01/take-your-time-its-not-race.html) era o melhor a fazer, mas acabei por descobrir que também há "abusos" ao preparar-me para a disciplina em si. Costumava correr bastante, apostava muito em exercícios próprios para o físico e a técnica do parkour (monkey walk, planches, etc.), poucos saltos, muita repetição...
Até parece mal. Será cabeça a mais? Vejo tanta gente que vai acabar mal à custa dos seus treinos, só abusam, c*gam literalmente na preparação física, fazem as coisas sem cabeça, sem o verdadeiro treino que é preciso...e quem se prepara para o tal, e puder evoluir como deve ser, é quem se lixa! Porque quando digo que tenho tendinite, o people pensa logo que não passo de mais outro coitado que só abusava nos cats e que já está literalmente na m*rda! Porque grande parte do pessoal não interioriza o quão importante é prepararem-se e treinar asério. É um pouco de ignorância e até mete impressão ver esse pessoal.

Já pensei em desistir, ir para outra coisa. Mas vou ficar no parkour o máximo que o meu corpo permitir, seguir o meu caminho, tenho a minha cena. Cada um devia ter a sua. Eu só não dei ouvidos ao meu corpo e insisti em puxar...

Quando voltar ao parkour, perfeito! Mas até lá tenho tempo e não estou preocupado em voltar o mais cedo possível, não venha a ter mais problemas outra vez.. Já aprendi a minha lição e espero terem aprendido alguma coisa com ela igualmente. Porque do meu ponto de vista tenho uma mente e físico consideravelmente "saudável" para um traceur.

Cumpz,
-Mike

domingo, 1 de março de 2009

Sem Segredos

Parkour - A disciplina
Por : Dan Edwardes
Tradução : Miguel Mendes

Stephane passa-se despercebido pelos arredores da cidade; Kazuma faz saltos de braços de 14 pés; Forrest sobe muros com o dobro do seu tamanho num único e fluído movimento...Os traceurs de grande nível parecem ser capazes de fazer o impossível, e com o mínimo esforço aplicado nos movimentos, fazem-no possível. Muitos observadores questionam-se: "Como é que o conseguem fazer?" - que muitas vezes é seguido de - "Como é que eu posso aprender a fazer aquilo?". A resposta é estupidamente simples, talvez até decepcionante - Treinar.

Parkour é um caminho díficil a seguir, e isto deve ser claro para todos aqueles que praticam devidamente. Não existem segredos, ensinamentos ou poções mágicas no desenrolar desse caminho. Aplica-te nesta disciplina com os seus devidos treinos, de forma correcta, e poderás ver melhorias. Continua desta maneira e as tuas melhorias multiplicaram e solidificaram. É simple...

Mas se assim é, porque não há por ai mil Stephanes, ou uma multidão a desafiar Forrest para uma competição de flexões? Bom, provavelmente por 2 razões: na verdade existem alguns poucos que têm auto-disciplina e responsabilidade suficiente para treinar no "duro" (para sofrer!), e ainda menos sabem como treinar produtivamente. Isto é, treinar duma maneira que lhes fará atingir os seus objectivos ou resultados esperados. Treinar tanto inteligentemente como para o duro. Mais cedo ou mais tarde irás ver pessoas a descuidarem-se e a perderem a noção do perigo por simplesmente ignorarem o treino de condição/preparação física. Depois praticam movimentos que ainda não estão fortes o suficiente para repetir duma maneira segura.

Então como pudemos prevenir estes erros e começar a colocar as nossas metas em conseguir a verdadeira perfeição do movimento?

Treinar com empenho, mas eficientemente

"Ninguém nasce com a capacidade de fazer estas coisas com tanta facilidade e graciosidade. A diferença entre um traceur "bom" e um "exelente" vem do como este é empenhado no seu treino: quantas horas dedica ao seu treino treinar e como tira proveito dessas horas."

Não é só o número de horas a que te dedicas à actividade, tens de as saber usar de forma productiva. Vaguear as ruas durante 9 horas incluíndo alguns períodos de tempo para movimentos/saltos/corrida não constitui 9 horas de treino. É quase impossível, e de certeza contra-productivo, treinar numa disciplina durante 9 horas por dia. Atletas Olímpicos não tomam esse tempo todo para treinar, pela simples razão de que acabaram por atingir resultados negativos. Mas passa 2 a 3 horas por dia a treinar - ou seja, em constante movimento, exercitando e repetindo - e encontrar-te-às não só cansado mas também num rápido e notável progresso.

Existe uma distinção muitas vezes realçada entre os termos "treinar" e "praticar". Treinar é visto como o trabalho que vai até ao desenvolvimento da habilidade para ser capaz de praticar uma certa actividade. Ambos são necessários para algo aproximado a uma disciplina. Contudo, outra coisa deverá presenciar em qualquer praticante: também se têm de preocupar com o treino excesivo que pode levar a uma grande variedade de lesões - tenta arranjar um equílibrio no teu corpo. Lá está, sê eficiente - dedica um dia a trabalhar a parte de cima do corpo (upperbody), no próximo dia descansa os braços/ombros enquanto trabalhas as pernas e ancas (lowerbody). Talvez no terceiro dia o teu objectivo seja trabalhar menos a condição física e focares-te mais na fluídez e combinações de movimentos de parkour. No quarto dia pudias escolher em trabalhar mais âmplamente, mais exigentemente, em movimentos individuais numa sessão mais equilibrada. No quinto dia, descansa - que é um componente tão importante num regime de treino como o treino em si; ambos (treinar e descansar) são essenciais como o dia para a noite. Qualquer que seja o teu regime, arranja uma estratégia para aperfeiçoar de forma a que o consigas realizar.

Treinar inteligentemente, sempre à procura dos erros e minímizando-os

20 anos de treino não significa nada de foram 1 ano de erros repetidos 20 vezes! Igualmente, 1000 repetições do mesmo salto mal feito só irá reforçar o erro. Isto porque aquilo que tu fizeres num determinado perído de tempo repetidamente, o teu corpo irá "absorver" e adaptar-se ao que fizeste. Isto para dizer que tu fazes o que treinas. Se treinas incorrectamente, irás mover-te incorrectamente. Aprende a tomar atenção às coisas pequenas. Quando saltas e aterras, fá-lo da maneira mais correcta e estável que conseguires, trabalha para isso, esforça-te por isso, e repete-o uma vez, e repete mais uma vez, e mais uma até conseguires ter o movimento sólido para em qualquer situação sair correcto. Não te contentes só com uma "boa" precisão, ou um salto com um pouco impacto, quando puderiam ser melhor executados, seja pelo barulho ou a simples maneira com que o movimento é feito. Esforça-te sempre para atingir o patamar da perfeição do movimento. Trabalha e tem como o objectivo o controlo absoluto, para o silêncio completo. Trabalha para seres o "mestre" dum movimento em particular, qualquer que seja, refinado-o e melhorando-o, e refinado outra vez, até mais ninguém mas só tu possas saber a diferença entre um movimento com que sintas confortável, com outro que saibas que te sai imperfeito/descontrolado.

Obriga-te a trabalhar intensivamente num movimento/aspecto que aches ser o mais difícil e surreal. Se fugires ou simplesmente ignorares aquilo em que não és bom e concentrares-te apenas naquilo em que te sentes confortável, irás limitar o teu desenvolvimento e potencial! Desenvolve ambos os lados do teu corpo o mais possível - para ser funcional, tens de ser capaz de andar com ambos os pés, de fazer um movimento para ambos os lados, de rolares em ambos os ombros. Tu irás inevitavelmente favorecer um lado do corpo, mas dá tempo para desenvolver o teu lado mais fraco, que menos controlas e o teu lado forte beneficiar-se-à - isto porque os nossos corpos são simpáticos de natureza e o que acontece aos músculos do braço direito tem um impacto nos músculos do braço esquerdo.

Tens de ser o teu próprio treinador quando treinas. Olha para ti mesmo; analisa os teus movimentos; sê honesto com a tua avaliação. Aquele movimento pudia ter sido mais controlado, com uma aterragem mais suave? Pudia ter sido mais eficiente? O que é que puderia melhorar? Haverá sempre alguma coisa, acredita.

Treina completamente, desenvolvendo os teus atributos tanto como as tuas aptidões

Nós sugerimos que pelo menos 50% dum regime de treino seja dedicado aos atributos físicos, atributos estes como a força, flexibilidade, capacidade muscular (resistência), fitness cardio-vascular, dinamismo e velocidade. A maior parte destes atributos caiem juntos sobre aquilo a que denominamos condição física, e é de tal forma importante que não pode ser ignorada, como muitos fazem.

Para melhores resultados no desempenho do teu parkour, tens de ser forte o suficiente para seres capaz de conseguires lidar com a exigência física dos movimentos. Muitas vezes encontramos pessoas do ginásio, carregando músculos enormes, querendo aplicá-los ao parkour e acabando por descobrir que os mesmos impressionantes músculos são inúteis. Há uma razão que é conhecida como "músculos falsos"... Tu podes ser capaz de levantar pesos de grande quantidade, mas se não consegues puxar o teu próprio peso do corpo sob uma parede - quando fazes uma planche por exemplo - não te é útil para parkour.

Parece que os exercícios de condição física mais produtivos para parkour são aqueles que na verdade, incluêm movimentos de parkour. Como um bom exemplo: em 2 planos horizontais, um por cima do outro, sejam 2 corrimões ou 2 muros, etc. O objectivo é ficar numa posição inicial de cat-leap no muro mais baixo e puxar o corpo todo para o muro de cima com a ajuda dos pés e mãos. Em posição de cat-leap no muro de cima, deixa-se cair para o muro abaixo num movimento simples e controlado. Repete isto 10 vezes e completas um set: podes fazer 10 ou mais sets como parte dum treino normal e descobrirás rapidamente novos níveis de força e confiança nos teus músculos dos braços, ombros e costas. Este exercício, por muito simples que seja, deve ser perfeito para o dinamismo do teu tronco e resistência, necessários para súbidas rápidas e cat-leaps controlados. Este e outros mil exercícios devem ser executados regularmente se queres demonstrar progressos na tua prática. Atributos fortes levam a uma maior facilidade em adequirir aptidão.

À procura de alguém que te guie

"A verdade é que não há substituição por um bom guia. Pensava que não havia segredos para aprender parkour. Há muitas subtilezas para o treino de um traceur que são extremamente difíceis de lá chegar sem um guia. E são esta subtilezas - a atenção ao promenor desde o início do treino - que podem e fazem mesmo toda a diferença."

Parkour é uma disciplina relativamente recente e o número de "professores" com aptidão mais desenvolvida nela é pequeno. Ter acesso a estes professores é difícil. Estes 2 factos combinados, têm como resultado final de que a maioria a praticar (especialmente fora de França) são professores de si mesmo, imitando movimentos vistos em videos online do youtube ou na televisão. Grande parte não se apercebe do quão duro o treino é e o puro esforço que nele é aplicado. Por isso vão copiar movimentos que não são capazes de suportar de forma segura e correcta. Para além de que estes imitadores correm maior risco de criar lesões. E só porque é difícil encontrar instrução apropriada numa disciplina, não significa que se deve submeter a treinar correctamente. Tudo vem do quão interessado estás em aprender. Por isso se não há ninguém na tua zona capaz de te guiar...viaja! Põe-te num comboio, ou até mesmo num avião, para Paris ou Londres ou outro sítio que tenha um grupo de praticantes competentes. Há pessoas dispostas a ajudar por ai, até mesmo no mundo do parkour novato, por isso procura-as e aprende com o que eles aprenderam.

Não há segredos no parkour, asério: mas isto é uma espada 2 vezes afiada. Significa que qualquer pessoa, que queira encontrar o seu caminho, pode realmente fazê-lo - mas também significa que não há poções mágicas através desse caminho. Se o queres seguir, tens de o andar.

Nota: Podem encontrar o texto original aqui: http://www.parkourgenerations.com/articles.php?id_cat=1&idart=3
Cumpz,
-Mike

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Changing my way (not my view)

"Take your time, it's not a race." - Sébastien Foucan

David Belle - é casado, tem 36 anos cujos 21 anos são dedicados ao atletismo, ginástica, escalada, artes marciais e á prática do parkour, quando desistiu da escola aos 15 anos. Na minha opinião, David Belle é o Bruce Lee do parkour. Graças a este homem pudemos evitar inúmeras lesões que possivelmente tenham passado por ele. Graças a este homem pudemos descobrir uma forma de nos desenvolver com total liberdade. Exacto, graças a este homem conseguimos vivenciar e "tocar" a liberdade, tanto como as consequências de não a sabermos aproveitar da melhor forma.
De certeza que não foi com 3/4 anos de treino que Belle começou a fazer certos saltos que faz hoje em dia.

Ele soube e ainda sabe usufruir da liberdade que lhe foi proporcionada. Agora perguntem-se se também o sabem fazer e olhem á vossa volta. Quantas vezes já viram traceurs "provisórios", tenha sido em vídeo, como com as vossos próprios olhos?

"Então e porquê "provisórios"? Era aqui onde eu queria chegar...

Para quê fazerem cat's de 14 pés com 5 meses de treino? Será só para dizer que o fizeram?
E alguns ainda dizem "tenho de repetir várias vezes, como os outros me disseram para fazer, para ter o movimento controlado."

Grande parte sentesse obrigado a saltar porque o vizinho também saltou, ou porque é o único membro da equipa que ainda não fez o salto. Cada coisa a seu tempo, não há pressas. Mais vale fazer o salto com mais treino e confiança, do que por obrigação, á maluco!
Mas cada um faz o quiser consigo e com seu corpo, não vou restringir ninguém...

A verdade é que 90% dos traceurs em todo o mundo começaram desta maneira, a imitar os outros que veêm nos vídeos. Será uma coisa que se vai aprendendo e desenvolvendo ao longo o tempo, uns mais cedo, tendo possibilidade de mudar. Outros não têm tanta sorte e ficam pelas cadeiras de rodas!

Seja para ter o movimento controlado ou para ficar com o corpo desfigurado mais tarde, a preparação física (principalmente na adolescência) é um factor indispensável para um bom e duradouro traceur. O nosso corpo necessita de se preparar para puder receber da melhor forma os impactos, tem de se tornar forte para não causar futuras lesões desnecessariamente. Afinal "être fort pour être util".

Isto tudo faz parte de nossa autonomia; de sermos responsáveis e saber dizer "não" a um salto que não nos sintamos confortáveis em efectuar naquele momento; de termos consciência das consequências procedentes das nossas decisões...isto vem com o tempo e experiências que temos enquanto praticantes. Nem tudo isto chegou a mim e não tenho pressas em saber tudo sobre tudo agora. Mais vale aprender por si mesmo do que pela boca dos outros, mas com o contrário se diz mais vale aprender com os erros dos outros do que cometer os mesmos.

Inspirado na Academia da Fundação Yamakasi, soube que o 1º ano de treino dos alunos é apenas preparação física, 6 horas, todos os dias. Os alunos inscritos estão proíbidos de fazer saltos, para que mais tarde tenham aquela sensação de que tudo ficou mais pequeno em saltos que nunca pensariam ser possíveis de fazer.
Acredito profundamente que os Yamakasi é que são a verdadeira nova geração e que tão cedo não virá outra.

A minha mudança:
Tão cedo não irei a Jam's e estarei a fazer os meus próprios treinos com quem aparecer, em Telheiras e na Cidade Universitária. Treinos estes não DE parkour, mas sim PARA parkour. Vou tentar exercer o máximo do meu corpo para mais tarde não ter problemas com que me preocupar. Afinal eu não sou mais um míudo de 15 anos a tentar construír o seu caminho e a seguir a sua filosofia!

Tomem conta dos vossos corpos...não abusem!

Bons Treinos e Bom Ano 09'

Cumpz,
-Mike